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domingo, 10 de janeiro de 2010

Kafka - Um artista da fome

A pantera simboliza o medo. O motor da sociedade - e o que possibilitou seu desenvolvimento - é o medo. Ele é o pai da mentira; a eles devemos as religiões. A indústria bélica e a própria medicina são frutos dele; mesmo as artes (as pinturas primitivas eram forma de afugentar animais das cavernas; as feras egípcias desenhadas nas paredes guardavam os tesouros faraônicos) o são. Olhe para o lado, para cima, para o Mundo: devemos tudo a ele. É o medo que fomenta as turbas, e delas prende a atenção; é, portanto, um mercado muito mais lucrativo que a mera admiração. O Artista da Fome deixou de despertar qualquer interesse havia muito, pois seu jejum, sempre subestimado, era antes de tudo incompreendido. A fome consentida é a negação da nutrição corpórea, mas também o desprezo pelo paladar, programado pelo "medo biológico da subnutrição" para provocar sensações orgásmicas, deleitantes.

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